terça-feira, 15 de julho de 2008

O CAÇADOR DE PIPAS

O caçador de pipas – Khaled Hosseini

Comecei a ler este livro sem nem saber ao certo o porquê. Sempre tive um preconceito com esses tipos de obras que se propõe a ser inesquecíveis ou que contemplam “todos os grandes temas da literatura e da vida”( comentário presente na contracapa da publicação). Mesmo a despeito de tal sentimento nada nobre (sic), abri esta obra que há tempo figura no topo das listas de vendas.
Pois bem, não gostei. Achei o livro piegas, explora temas de fácil identificação com o leitor: A relação do distanciamento de um filho com seu pai; Conflito de amizade; Sentimento de culpa e solidão.
Porém, o tomo tem seus méritos: linguagem que influi com facilidade; o autor cria um suspense no começo e de certa forma o livro é auto-explicativo, ou seja, não confunde quem lê e a sua mensagem da narrativa é transmitida de forma clara. Hossein tem um grande mérito de conseguir oferecer aquilo que seus leitores querem ler, evidentemente não pode ser ignorada tal habilidade.
Em uma comunidade sobre livros no orkut li um desabafo que, em linhas gerais, dizia: “Vocês ficam criticando as pessoas que postam aqui falando bem de livros como Harry Potter, são poucos aqueles que lêem no Brasil e vocês pegam e desmerecem essas pessoas porque vocês gostam de ler García Márquez, Kafka e Machado.”
Pensei nesse comentário e não tenho certeza se concordo, acaso devesse. Meu irmão que já leu “O caçador de pipas”, que como já disse não gostei, está lendo “O homem duplicado” do Saramago, escritor que eu admiro muito, me disse que só acha as obras diferentes. Talvez deva ser por aí mesmo.

Um trecho de “O caçador de pipas”:

“Depois disso, Hassan ficou circulando pelas beiradas da minha vida. Eu tomava todas as precauções para que os nossos caminhos se cruzassem o mínimo possível, planejando os meus dias nesse sentido. Porque, quando ele estava por perto, o oxigênio desaparecia do aposento. Sentia o peito apertado e tinha dificuldades para respirar; ficava ali, sufocando na mina bolhazinha de atmosfera absolutamente abafada. Mas mesmo quando ele não estava por perto, estava presente. Estava nas roupas lavadas e passadas sobre a cadeira de assento de palhinha, nos chinelos aquecidos deixados diante da porta do meu quarto, na lenha que já ardia no fogareiro quando que descia para tomar o meu café da manhã; Para onde quer que eu me virasse, lá estavam os sinais da sua lealdade, da sua maldita lealdade inabalável.” ( pg. 93, Editora Nova Fronteira)

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